Thiago Brasil: Da Faria Lima para o Cerrado - Produzindo Certo
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Thiago Brasil: Da Faria Lima para o Cerrado

Diretor financeiro da Produzindo Certo, Thiago Brasil, optou por sair do centro econômico do país para retornar a Goiás para ajudar a expandir a linguagem do agro

Com um vocabulário marcado por expressões como “operações de corporate finance” ou “M&A” (mergers and acquisitions ou, em português, fusões e aquisições), Thiago Brasil classifica a Produzindo Certo como uma “startup do agro”, que tem potencial para agregar diferentes serviços aos produtores unindo seu conhecimento da porteira pra dentro e a conexão com o mercado.

O diretor financeiro da Produzindo Certo – ou CFO (Chief Financial Officer), para usar mais uma expressão comum ao meio corporativo – quer provar que está enganado quem acredita que esse repertório não faz parte da cartilha do agro.

Os investimentos na atividade agropecuária crescem de forma cada vez mais veloz, seja como oferta de crédito, na aquisição ou arrendamento de terras para produção e em ações na indústria de máquinas ou insumos. Assim, também deve avançar a preparação dos gestores de empreendimentos rurais para atuar nesse novo ambiente, podendo extrair dele benefícios, como novas linhas de crédito, captura de parceiros investidores e abertura de mercados para o agronegócio brasileiro.

“A Faria Lima descobriu o agronegócio”, diz Thiago Brasil, referindo-se à avenida de São Paulo onde se concentram as sedes dos principais bancos de investimento do País. E o produtor pode ganhar muito com essa aproximação.

Thiago ingressou no time da Produzindo Certo no início desse ano. Formado em economia pela PUC-RJ e com MBA em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ele trabalhou em empresas como o Banco Opportunity, a PwC, a Rural Brasil e um fundo de investimento focado em energias renováveis. Mas o desejo de voltar para Goiânia, sua cidade natal, e as novas oportunidades que a expansão do agronegócio está trazendo para o Centro-Oeste, permitiram o seu retorno.

“É um negócio altamente rentável. Muito difícil, com vários riscos associados como o climático, de quebra de safra, de câmbio. Quem não entende pode achar simples, mas é muito mais sofisticado. A tecnologia e a possibilidade de automatizar alguns processos aproximou as operações. É possível oferecer produtos diferentes e soluções customizadas ao produtor”, explica o especialista em investimentos.

“A proposta da Produzindo Certo é muito legal, como um braço de tecnologia do agro e a preocupação com a sustentabilidade. É uma startup com potencial incrível de agregar vários outros serviços, pensar fora da caixa e conseguir implementar”, completa.

O pescador em ação: “Sou esforçado”

Thiago também apoia a formatação de “operações mais estruturadas” (mais um jargão financeiro) da Produzindo Certo, como uma nova operação do tipo CRA Verde.tech, prevista ainda para este ano. A emissão realizada pela primeira em março para um grupo de produtores é mais uma opção de financiamento agrícola com menos burocracia e juros reduzidos.

“Outro ponto é o relacionamento, uma história de bastante tempo junto com os agricultores. Com proximidade, confiança e credibilidade que possibilita que a empresa cresça e faça um ganha-ganha pra todo mundo. É um conhecimento precioso para quem quer emprestar dinheiro, e a proximidade com o campo permite o acesso direto ao tomador de crédito, que bancos teriam dificuldade para acessar. E fornecemos as informações da parte ambiental e social, requisitos importantíssimos, sem os quais uma operação pode ficar travada”, avalia.

O termo farialimer foi criado e ganhou repercussão nas redes sociais para designar quem atua no coração financeiro do Brasil, concentrado na avenida paulistana. Thiago atuou por dois anos no endereço, depois de se formar e trabalhar alguns anos também no Rio de Janeiro.

Mas o economista prefere outro rótulo: o de apaixonado pelo campo. Em Goiânia, ele pode praticar uma de suas paixão: a pescaria. Quando pode, Thiago não hesita em pegar o carro e dirigir até três ou quatro horas para encontrar um bom lugar para pescar. “Sou bem esforçado”, admite ele sobre o próprio desempenho com o hobby, derrubando mais um estereótipo, o do pescador que gosta de contar vantagem.