![](https://www.produzindocerto.com.br/wp-content/uploads/2022/11/11.10_PC_Noticias43_blog-1024x576.png)
Na quarta-feira passada, 9 de novembro, um dia antes de embarcar para o Egito, onde participa da COP 27, o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, resumiu em uma frase uma característica que deve ser a marca da conferência do clima, organizada pelas Nações Unidas, este ano. “A COP nasceu como um encontro de ONGs e governos, mas agora é do setor privado”, disse ele ao participar de um painel no Summit Agronegócio Brasil 2022, promovido pelo Estadão.
Especialista nas relações comerciais globais do agronegócio, Jank é um atento observador dos movimentos das grandes empresas do setor. De fato, grande parte dos compromissos assumidos pelas nações nas edições anteriores só será cumprida com a ação efetiva do mundo corporativo. E, por isso, é menos no palco principal e mais nos eventos paralelos das duas semanas da COP 27 que se vê, na prática, os efeitos práticos de anos de debates e as respostas à urgência da implantação de medidas para reduzir e mitigar as emissões de gases de efeito estufa.
Para o agronegócio brasileiro, a COP 27 ganha relevância ainda maior do que teve em anos passados. “Essa edição será um farol para o nosso crescimento”, explica Jank. Pela primeira vez a conferência do clima coloca sobre a mesa a questão da segurança alimentar, sintonizando o tema com a agenda ambiental e também com a segurança energética. Quando se correlaciona os três temas, fica mais evidente o protagonismo brasileiro. E, então, os modelos já testados aqui para a produção responsável e a utilização de energias renováveis ganham espaço de destaque na grande vitrine da COP 27.
![](https://www.produzindocerto.com.br/wp-content/uploads/2022/11/11.10_PC_Noticias43_03-1024x1024.png)
Do ponto de vista estatal, o Brasil está presente com um grande estande, em torno de 300 metros quadrados. Mas o período de transição de governo acabou esvaziando a participação do seu alto escalão, num movimento inversamente proporcional ao interesse sobre o direcionamento que a nova gestão dará ao cumprimento das metas já estabelecidas.
A bagagem dos nossos delegados oficiais foi carregada de informações sobre projetos no território da energia verde e o potencial do Brasil em ampliar nossa matriz energética sustentável – com destaque para hidrelétrica, solar, eólica e biomassa.
Outras iniciativas, encabeçadas por governos estaduais, entidades ou por grupos privados, se encarregam de apresentar a grande diversidade de programas já em execução que demonstram nossa capacidade de expandir o agronegócio responsável, reduzindo emissões e evitando novas frentes de desmatamento.
![](https://www.produzindocerto.com.br/wp-content/uploads/2022/11/11.10_PC_Noticias43_06-1024x1024.png)
Um dos grupos mais ativos nesse sentido tem sido o que reúne grandes traders globais de commodities agrícolas. No centro do debate sobre como garantir a origem responsável dos produtos que comercializam, elas produziram um guia indicando caminhos para avançar no trabalho de construção de cadeias carbono neutro para as principais commodities.
Lançado na COP, o documento chamado de Agriculture Sector Roadmap to 1.5°C – Reducing Emissions from Land Use Change é assinado por 13 dos maiores grupos de alcance internacional e foi elaborado após a consulta a centenas de integrantes das mais diversas cadeias em que atuam, sobretudo as de soja, palma, carnes e cacau. A liderança da Produzindo Certo foi ouvida nesse processo, que estabeleceu critérios e ações com metas anuais para a contribuição desses grupos na implementação da transição para “um futuro amigo do clima”, conforme pontua o documento.
![](https://www.produzindocerto.com.br/wp-content/uploads/2022/11/11.10_PC_Noticias43_07-1024x1024.png)
Reunidas em torno do Soft Commodities Forum, seis dessas traders – ADM, Bunge, Cargill, Cofco, LDC e Viterra – apresentam neste sábado, dia 12, no Egito, uma iniciativa que segue as diretrizes do roadmap: o programa Farmer First Clusters. O objetivo é promover um modelo financeiro para a produção de soja livre de desmatamento e de conversão no Cerrado brasileiro por meio de um investimento conjunto que proporcionará aos produtores de soja incentivos financeiros em quatro regiões específicas: oeste de Mato Grosso, sul do Maranhão, oeste da Bahia e Tocantins. A Produzindo Certo é uma das implementadoras do projeto.
A iniciativa parte do princípio de que a questão da conversão de vegetação nativa nas cadeias de fornecimento de soja é um desafio complexo que só pode ser enfrentado por meio da colaboração com diferentes elos e que só será possível evitar o desmatamento quando forem criadas condições econômicas que compensem o produtor pela decisão de não produzir em áreas que poderiam legalmente ser ocupadas por lavouras.
![](https://www.produzindocerto.com.br/wp-content/uploads/2022/11/11.10_PC_Noticias43_08-1024x1024.png)
Reside aqui outro tema que, embora sempre bastante falado, ainda era inédito na pauta das COPs: a compensação de perdas e danos. Em outras palavras, a criação de mecanismos para países que historicamente emitiram mais carbono compensarem os prejuízos que sofrem hoje, com desastres naturais e pressões ambientais, aqueles que emitem menos. Não há um acordo sobre isso ainda, mas é um avanço ver que o item que entrou em discussão nesta COP 27.