Luciana Castro: “Quanto mais conhecermos o solo, maior a produtividade e menor o nosso impacto no planeta” - Produzindo Certo
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Luciana Castro: “Quanto mais conhecermos o solo, maior a produtividade e menor o nosso impacto no planeta”
Luciana Castro - Solocria

Luciana Castro, diretora da Solocria Laboratório Agropecuário

A análise de solo é uma prática fundamental que revolucionou a maneira de se fazer agricultura no Brasil e no mundo. Foi por meio dela que se tornou possível entender as características físicas e químicas do solo, o que permite determinar a sua composição, incluindo os níveis de nutrientes essenciais como nitrogênio, fósforo e potássio, além da presença de elementos potencialmente prejudiciais.

Esse conhecimento é vital para a tomada de decisão do produtor rural sobre a necessidade de fertilizantes e de outras intervenções para evitar tanto a carência quanto o excesso de nutrientes.

A prática passou a ser adotada no Brasil a partir de 1960 e percorreu um longo caminho até conquistar o reconhecimento e a valorização que tem hoje. Essa evolução do setor faz parte da história da Solocria Laboratório Agropecuário, uma empresa goiana dedicada à análise de solo que acaba de completar 36 anos.

Fundada em 1988, em um cenário totalmente incerto, em um Brasil recém-saído do regime militar e com instabilidades econômicas, a empresa é hoje um exemplo de resiliência e de sucessão familiar no agro brasileiro.

Luciana Castro, diretora da Solocria, à frente do laboratório, junto com a irmã Rosana Castro, desde 2021, após a aposentadoria do pai, conversou com o Portal da Produzindo Certo sobre a importância da análise de solo, o momento atual da empresa e o que espera para o setor.

“Eu acho que o futuro é expandir e ser mais sucesso ainda. A gente precisa buscar novos conhecimentos, estar por dentro das novas tecnologias, novas pesquisas e novos tipos de análises para conhecermos mais ainda esse recurso tão valioso que a gente tem em mãos”, disse ela logo no começo da entrevista.

Análise de solo

Prática passou a ser adotada no Brasil a partir de 1960

A empresa dela, que começou com 10 a 20 amostras de solo diárias, hoje tem capacidade para 660, além da realização de outros tipos de análises. Um exemplo do crescimento do laboratório, mas também do aumento da demanda por análises de solo no Brasil.

Diversos fatores contribuíram para essa expansão, como a exigência das análises pelos bancos para a liberação de financiamentos a partir de 1994, além da maior disseminação das informações sobre a importância da prática para a agropecuária e da busca constante por aumento de produtividade com menor impacto ambiental.

Mas ainda há muitos desafios pela frente. Um deles é ampliar o uso da análise de solo entre os pequenos e médios produtores. Os principais clientes do setor ainda são os grandes produtores, empresas de agricultura de precisão e fabricantes de insumos, como fertilizantes e corretivos.

Para Luciana, a tendência é de mudança. “Com todo esse arcabouço que existe para dar apoio e orientação para os pequenos produtores, eu creio que eles devem ir para o mesmo caminho e entrar nesse mundo da análise de solo. É importante demais”.

Outra tendência apontada pela diretora da Solocria é em relação a evolução das formas de se analisar o solo. Nos últimos anos, a crescente demanda e a valorização da prática impulsionaram o desenvolvimento de diversas inovações.

O estudo do solo ganhou novas ferramentas e tecnologias que proporcionam mais rapidez e precisão nos diagnósticos, além de informações sobre outros aspectos importantes.

“A análise de solo está abarcando outros aspectos além dos físicos e químicos. Hoje em dia está entrando em destaque também as análises biológicas, ou seja, o conhecimento sobre os seres vivos que habitam o solo”.

A biologia do solo envolve o estudo dos microrganismos que contribuem para a estruturação do solo, auxiliam no fornecimento de nutrientes e na proteção de doenças, por exemplo. Por isso, quanto mais se conhece sobre a vida presente no solo, mais eficiente é a gestão dos insumos.

Segundo Luciana, a Solocria está de olho nessa inovação. “Lá na empresa, nossos agrônomos já estão estudando, buscando conhecer mais esse ramo que eu acredito que daqui pra frente só vai crescer”.

E esse é o grande objetivo da análise de solo. Munir o produtor rural com informações cada vez mais precisas, que o auxiliem na tomada de decisão e que o ajudem a tornar a propriedade mais produtiva e sustentável.

“Quanto mais a gente consegue conhecer o solo, mais a gente consegue manejar da forma mais adequada e causar menor impacto no planeta”, concluiu Luciana.

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