Em novo episódio, Charton Locks conversou com a diretora-geral da Aliança da Terra, Caroline Nóbrega, sobre como o Programa REM está ajudando pequenos e médios produtores de soja de Mato Groso a serem mais sustentáveis e até certificados
Imagine quão importante e vantajoso seria para o agronegócio brasileiro, e até global, se pequenos produtores de soja espalhados pelo interior do País pudessem receber assistência técnica e suporte financeiro para ter um negócio mais sustentável e, dessa forma, ter uma certificação de produção responsável. É exatamente o que vem acontecendo em Mato Grosso, por meio do Programa REM MT, iniciativa que premia estados e países pela diminuição das emissões de gases de efeito estufa a partir de iniciativas inovadoras que reduzem o desmatamento. Esse é o tema do novo episódio do Flashcast da Produzindo Certo.
Charton Locks, COO da Produzindo Certo e apresentador do Flashcast, conversou com Caroline Nóbrega, diretora-geral da ONG Aliança da Terra sobre como o Programa REM tem ajudado pequenos e médios produtores de soja de Mato Grosso a avançarem no processo de cultivar o grão de forma responsável e sustentável. O bate-papo passou por pontos como os investimentos e as melhorias que os agricultores estão realizando, além da ampliação do prazo para quem quer fazer parte dessa evolução.
Na prática, para cada real investido pelo produtor em adequações e melhorias para tornar sua propriedade e seu negócio mais sustentáveis, o Programa REM repassa a esse agricultor outro real, dentro de um limite de R$ 30 mil. Ou seja, a aplicação total pode alcançar R$ 60 mil, caso o sojicultor consiga chegar a esse teto de reembolso. A Aliança da Terra faz a gestão de todo esse processo, da prestação de contas e do repasse dos recursos, e conta com a parceria da Produzindo Certo para prestar a consultoria técnica aos agricultores.
Clique aqui e confira o episódio.
Recursos aplicados no ponto certo
De acordo com Caroline, 37 produtores já acessaram um montante de R$ 700 mil oferecidos pelo Programa REM. Teoricamente, pelos critérios do projeto, o valor total de investimentos, somando a parte dos agricultores e do programa, chegaria a R$ 1,4 milhão, mas os resultados vão além. “O projeto demonstra todo o engajamento dos produtores e já superou nossas expectativas da relação 1 para 1 nos investimentos. Temos quase R$ 2 milhões investidos pelos produtores em adequações”, disse a diretora da Aliança da Terra.
Esses recursos têm sido aplicados em correção de solo, instalação de tanque de combustível e uma série de outras melhorias que aprimoram a produção e eliminam passivos ambientais ou sociais. A assessoria técnica da Produzindo Certo conduz esse processo para que cada centavo seja aplicado exatamente onde é necessário. E a partir dessa atualização, os agricultores também se credenciam para solicitar a certificação da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS). “Estamos trabalhando para ter o primeiro grupo de pequenos produtores e de assentados certificados com soja responsável”, afirmou Caroline.
O potencial para a abrangência dessa agricultura de precisão nos investimentos ainda pode avançar, pois há 165 produtores inscritos no projeto. E há mais tempo para que isso aconteça. Houve uma extensão no prazo para que os agricultores acessem os recursos disponíveis pelo Programa REM. Segundo a diretora-geral da Aliança da Terra, a instituição tem até final de agosto para acertar esses investimentos. Os agricultores interessados só precisam procurar a ONG ou a Produzindo Certo para dar início a essa jornada. Só não podem perder tempo.
A origem do programa
O Programa REM é uma iniciativa do governo alemão que, por meio de seu Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, criou o Programa Global REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal) Early Movers – daí vem a sigla “REM”. Tal compromisso foi lançado durante a Conferência Rio+20, em junho de 2012.
Mato Grosso foi beneficiado porque, com a participação de vários setores, conseguiu reduzir em mais de 90% o desmatamento em seu território. De 2004 para 2014, a área desmatada passou de 11.814 km2 para 1.048 km2, evitando que 1,9 giga toneladas de gás carbônico (Gt CO2) fossem lançadas na atmosfera. A Aliança da Terra foi escolhida como a instituição responsável pela parte desse programa que envolve pequenos e médios produtores de soja, com foco no cultivo responsável.