Dia da Agricultura: Conheça mulheres que revolucionaram o agro brasileiro - Produzindo Certo
Publicado em
Dia da Agricultura: Conheça mulheres que revolucionaram o agro brasileiro

Agrônomas, pesquisadoras e visionárias, elas foram fundamentais para que o Brasil se tornasse um dos maiores produtores de alimentos do mundo e sempre defenderam a ciência e a sustentabilidade

O Brasil é conhecido mundialmente como um dos maiores produtores de grãos e carnes, além de produzir em abundância frutas e fibras. O que muitos não conhecem são as mulheres que também estão por trás da revolução da agropecuária brasileira.

Atualmente, o aumento da participação e da liderança feminina no setor produtivo é conhecida e reverenciada, embora ainda haja muitos desafios e espaços a conquistar. No entanto, esse protagonismo das mulheres não é recente e foi essencial para o Brasil ter o status e a posição que ocupa hoje.

Por isso, neste Dia da Agricultura, apresentamos as histórias e alguns dos feitos de quatro destas grandes personalidades do agro brasileiro. E, através delas, homenageamos tantas outras que continuam dando sua contribuição para a agropecuária brasileira e mundial. Confira:

Ana Maria Primavesi (1920 – 2020) – Pioneira da Agroecologia no Brasil, foi engenheira agrônoma e professora. Nascida na Áustria, chegou aqui com o marido, o também agrônomo Artur Primavesi, no pós-guerra, em 1948. Como professora da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, aprofundou os estudos sobre o solo e propôs técnicas de manejo ecológico que hoje são conhecidas no mundo todo. Na década de 1960, passou a defender a importância do solo vivo. Um de seus livros, “Manejo ecológico do solo”, é considerada por muitos a bíblia da agroecologia. Em 2012, ela recebeu o One World Award, uma espécie de Nobel da agricultura orgânica. Com cerca de 80 anos dedicados à ciência, Ana Maria Primavesi faleceu em janeiro de 2020, meses antes de completar 100 anos.

Johanna Döbereiner (1924 – 2000) – Nasceu em 1924, na então Tchecoslováquia, e estudou agronomia, em Munique, na Alemanha. Veio para o Brasil em 1951. Graças a ela, os produtores brasileiros não precisam adubar a soja com fertilizantes minerais. Com o objetivo de tornar o País uma potência, em 1963 foi formada a Comissão Nacional da Soja, na qual Joana foi fundamental. Ela enfrentou um verdadeiro embate com os outros pesquisadores que queriam aclimatar a soja às condições de solo e clima brasileiros. Com formação norte-americana, eles não acreditavam que a fixação biológica de nitrogênio iria funcionar por aqui. Ela, por outro lado, defendia o melhoramento da soja sem adubo nitrogenado, que era caro, mas com a simbiose entre bactérias e plantas. Isso tornou a oleaginosa produzida aqui mais competitiva no mercado internacional. Grande pesquisadora, tornou-se cidadã brasileira em 1956. Dedicou a vida a compreensão biológica de nitrogênio nas plantas com o objetivo de contribuir com as práticas mais sustentáveis. Transformou-se em, referência mundial no assuntou e chegou a ser indicada ao Nobel de Química.

Leila Macedo – Primeira mulher a presidir a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), entre 1999 e 2001, possui Ph.D. em Microbiologia e Imunologia. Uma das principais responsáveis pelo avança biotecnológico no Brasil, foi fundamental para a criação da Lei de Biossegurança. Leila ajudou a estabelecer normas que norteiam os profissionais da área de biotecnologia e influenciou políticas públicas que impactaram positivamente a agricultura brasileira. Em 2018, recebeu o Prêmio Norman Borlaug de Sustentabilidade, durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio.

Veridiana Victoria Rossetti (1917 – 2010) – Foi a primeira engenheira agrônoma do Estado de São Paulo e a segunda do Brasil. Formada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba (SP), ingressou como estagiária no Instituto Biológico de São Paulo, em 1940. No IB, dedicou-se ao estudo das doenças da citricultura e se tornou uma das maiores pesquisadoras desse assunto no mundo. Foi chefe da Seção de Fitopatologia Geral do Instituto, diretora da Divisão de Patologia Vegetal, fez parte da Academia Brasileira de Ciências e foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2004. Um dos grandes feitos da sua carreira foi conseguir levar a pesquisa e a assistência técnica para o campo.