7 tendências para o agro responsável em 2022 - Produzindo Certo
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7 tendências para o agro responsável em 2022

Um guia com temas que devem chamar sua atenção no ano que está começando

O ano de 2022 já começou e, todos sabemos, há muitas variáveis a serem consideradas para se fazer uma boa gestão. Alguns fatores influenciarão os negócios como um todo – e talvez nenhum de forma tão relevante quanto a eleição presidencial que ocorrerá em outubro, que, entre outras coisas, pode ter impactos nas taxas de câmbio. Outros farão maior diferença para quem vive do agronegócio. Instabilidade no fornecimento de insumos e incertezas quanto ao clima também aparecem no radar e merecem atenção.

Apesar disso, há um cenário de moderado otimismo para a produção agropecuária neste novo ano, com perspectiva de novo recorde na safra de grãos para a safra 2021/22, que pode chegar a quase 290 milhões de toneladas (14,7% a mais do que foi colhido na safra anterior), segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Produzir de forma mais responsável é uma das tendências que vêm marcando os últimos anos e não será diferente em 2022. Dentro do universo do agronegócio responsável, destacamos alguns pontos que ganharão maior visibilidade a partir de agora, sobretudo em um mercado cada vez mais atento à origem dos produtos que vêm do campo. Confira:

  1. Agricultura regenerativa: práticas que favoreçam a recuperação da saúde e da fertilidade do solo e, ao mesmo tempo, o aumento de sua capacidade de reter carbono estão no foco de muitos programas patrocinados por grandes companhias do setor, como as traders, ou mesmo de outros setores, que buscam formas de compensar as suas emissões. Transformar pastagens degradadas em áreas produtivas com o tipo de cobertura certa para o solo, por exemplo, e a adoção do sistema agroflorestal para o plantio de culturas como o café e o cacau são opções que têm sido estimuladas.
  2. Balanço de emissões nas propriedades rurais: tanto os agricultores como os pecuaristas passarão em incorporar em suas gestões os balanços de emissões de gases em suas propriedades. O uso de fertilizantes à base de nitrogênio é uma das práticas apontadas como uma das principais preocupações em relação à agricultura. Por isso, novas soluções tecnológicas para análise de solo devem ganhar espaço, permitindo que se faça a chamada aplicação de precisão e reduzindo o consumo desses produtos. Já na pecuária, os olhares estarão voltados para as emissões de metano, resultante da digestão dos bovinos. A questão foi tratada de forma mais clara durante a COP26, realizada em novembro passado, e pela primeira vez se falou efetivamente na adoção de metas de redução da emissão desses gases. A solução, em grande parte, vem da intensificação da atividade e da indústria de nutrição animal.  
  3. Mercado de carbono: Outra consequência da COP26 é a regulamentação do mercado global de carbono, uma antiga reivindicação do setor agropecuário brasileiro. Com a chegada de um consenso inicial em torno do tema, a previsão é de que as conversas se intensifiquem nesse sentido, inclusive com a criação das regras oficiais para a comercialização de créditos de carbono no Brasil.
  4. Créditos verdes: Se 2021 foi o ano da consolidação da emissão dos títulos verdes por empresas e produtores rurais, 2022 tem tudo para marcar um avanço na democratização desses instrumentos de financiamento para o crédito agrícola. Com investidores internacionais cada vez mais ávidos por incorporarem papeis atrelados a compromissos socioambientais às suas carteiras, o potencial do agronegócio brasileiro cresce nessa área.
  5. Gestão hídrica: Eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes devem tornar ainda mais relevante para os produtores rurais a atenção com o abastecimento de água em suas propriedades – e também nas dos vizinhos. A abundância de outras eras acabou e hoje é importante conhecer e preservar nascentes, cursos de córregos e rios, e entender a real disponibilidade desse insumo para que ele seja utilizado de forma racional. O raciocínio é ambiental e econômico. “A crise hídrica apareceu na safra 2020/21 e perdemos 25 milhões de toneladas de milho, 80 milhões de toneladas de cana, ‘meia Flórida’ na laranja [cerca de 30 milhões de caixas], perdemos no café também entre 15% e 20% da produção”, afirma Marcos Fava Neves, professor da USP e da FVG e especialista no estudo de cadeias do agronegócio, em reportagem da revista Plant Project. O uso de sensores de umidade no solo e sistemas de irrigação inteligentes tem aumentado em várias regiões do país, como forma de mitigar os impactos climáticos, que podem persistir em 2022.
  6. Meteorologia de precisão: grandes empresas do setor agrícola aumentaram seus investimentos em redes de informações meteorológicas conectadas. Grupos como AMaggi (que investiu em radares meteorológicos próprios) e Raízen (que optou por rede de sensores conectados) buscam antecipar e melhorar a qualidade das informações sobre o clima como ferramenta para a tomada de decisão por seus gestores agrícolas. A tendência é que esses sistemas se conectem também a redes públicas, gerando mais dados úteis também a produtores de porte menor, com menos capacidade de investimento.
  7. Planejamento para uso de insumos: A área de grãos vai aumentar quase seis milhões de hectares nesta nova safra. Com isso, aumenta também a demanda por insumos como inseticidas, fungicidas e herbicidas, cujos preços e oferta já foram um problema no ano passado. Programar compras e racionalizar o uso dos produtos químicos é quase mandatório nesse cenário. A boa notícias é que esse “aprendizado” forçado pode levar a uma prática mais responsável, com o manejo feito de forma ambientalmente mais segura. Outro efeito colateral que pode ser visto como positivo é uma maior procura por bioinsumos no manejo integrado de pragas.