Nos dias 17 e 18 de setembro, o Expo Center Norte, em São Paulo, recebeu a Conferência Internacional RTRS 2025, um dos principais encontros globais dedicados à produção sustentável de soja.
Com o tema “Shaping Solutions for a Sustainable Future”, o evento reuniu líderes, especialistas e empresas para discutir o futuro da cadeia produtiva, abordando temas como agricultura regenerativa, o Regulamento Europeu de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), a certificação RTRS e novas soluções tecnológicas.
No segundo dia da programação, a CEO da Produzindo Certo, Aline Locks, participou do painel “Mão na massa – soluções para Agricultura Regenerativa e Carbono”, ao lado de representantes das empresas SLC Agrícola, Bunge e Embrapa. O debate trouxe ao palco a urgência de transformar a teoria em prática, traduzindo a sustentabilidade em resultados concretos para produtores e para o mercado.
Projeto RTRS de incentivos regenerativos
Logo na abertura do painel, Helen Estima Lazzari, gerente regional de Desenvolvimento de Mercado da RTRS (Mesa Global da Soja Responsável) em Mato Grosso, apresentou o Projeto Incentivos Regenerativos RTRS, que está em fase piloto desde o ano passado em fazendas de Mato Grosso.
A iniciativa propõe uma nova certificação de agricultura regenerativa, oferecida como módulo complementar à RTRS. “Apenas as propriedades certificadas RTRS poderão acessar esse módulo adicional”, destacou Helen durante o evento.
O projeto busca enfrentar três desafios centrais do setor: definir requisitos técnicos claros para a agricultura regenerativa, criar incentivos de mercado que apoiem financeiramente os produtores e estabelecer um sistema robusto de verificação de práticas regenerativas.
Durante a apresentação da iniciativa, a gerente regional da RTRS destacou a parceria com a Produzindo Certo, entre outras instituições. Como parceira estratégica, a agtech goiana integra o grupo de implementação do projeto, contribuindo com sua experiência em campo e conhecimento técnico.
A empresa indicou propriedades para o projeto-piloto e está atuando na construção da linha de base que servirá de referência para o novo módulo de certificação regenerativa.
A experiência brasileira com o Reg.IA
Na sequência do painel, Aline Locks apresentou a experiência do Reg.IA, primeiro consórcio de agricultura regenerativa da América Latina, que reuniu 37 mil hectares de talhões regenerativos em sua primeira safra.
De acordo com os dados compartilhados no evento, foram 149 mil toneladas de soja regenerativa colhidas, com redução média de 66% das emissões de gases de efeito estufa quando comparada com a média nacional. Os números reforçam o potencial da agricultura regenerativa para transformar sistemas produtivos e gerar valor no mercado.
“Desde o início, a nossa preocupação era criar um protocolo factível para o produtor rural brasileiro, ao mesmo tempo que tenha a ciência por trás e que também tenha respaldo do mercado para que de fato a gente conseguisse ter uma valorização”, afirmou Aline, destacando o equilíbrio entre rigor técnico, aplicabilidade e retorno econômico do Reg.IA.
A CEO da Produzindo Certo também ressaltou a importância de transformar indicadores ambientais em critérios de mercado, capazes de influenciar diretamente preços, contratos e seguros.
“A partir do momento que esses indicadores conseguirem influenciar preço, influenciar uma apólice de seguro, influenciar um contrato de fornecimento, a agricultura regenerativa deixa de ser um diferencial para ser de fato um fator decisivo, competitivo para acessar mercado”, completou.