Em uma ação que une inovação tecnológica e compromisso ambiental, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) implementou, em parceria com a plataforma MapBiomas, um sistema de monitoramento via satélite que já impediu a liberação de aproximadamente R$ 728 milhões em financiamentos a proprietários rurais envolvidos em desmatamento ilegal.
O valor corresponde a 0,92% dos R$ 79,5 bilhões de crédito rural solicitados ao Banco desde fevereiro de 2023, quando a ferramenta foi adotada, até dezembro do ano passado. Essa iniciativa tem sido crucial para assegurar que recursos públicos não financiem práticas prejudiciais ao meio ambiente.
Neste período, a região Norte apresentou o maior percentual de financiamentos bloqueados, com 2,1% dos R$ 3,9 bilhões solicitados, enquanto o Sudeste registrou os menores índices, com 0,4% dos R$ 13,9 bilhões requeridos. O Amazonas foi desta que com 6,38% de alertas de desmatamento em 47 solicitações de crédito rural, resultando no bloqueio de 12,67% dos quase R$ 13 milhões solicitados no estado.
A iniciativa do BNDES não é isolada. O chamado Bureau Verde do crédito rural, do Banco Central, tem representado um avanço importante. O sistema também permite que as instituições financeiras verifiquem as conformidades ambientais na concessão de financiamentos destinados a agricultores e pecuaristas, como já contamos aqui no Portal.
Neste contexto, onde os critérios socioambientais ganham cada vez mais relevância nas operações financeiras, Luis Eduardo Lapo, diretor de novos negócios da Produzindo Certo, enfatiza a relevância da prevenção no agronegócio brasileiro.
“A expressão ‘é melhor prevenir do que remediar’ pode ser perfeitamente aplicada ao atual cenário do agronegócio brasileiro. Evitar problemas ao invés de lidar com as consequências após sua ocorrência deveria ser algo óbvio, por vezes até simples de se implementar, mas não é o que estamos observando.”
Lapo ressalta que o Brasil possui uma das legislações ambientais e trabalhistas mais completas do mundo, além de um ambiente institucional e de fiscalização eficiente. Ele acredita que o país tem potencial para liderar globalmente o uso de insumos biológicos e técnicas de agricultura regenerativa nos próximos anos.
No entanto, práticas ilegais de desmatamento por uma minoria podem comprometer a reputação de toda a cadeia produtiva. “Embora estes casos sejam minoria e comprometam negativamente os envolvidos, seus efeitos também geram riscos reputacionais que afetam toda a cadeia produtiva”, alerta Lapo.
Para mitigar esses riscos, é fundamental que as empresas do setor adotem uma postura proativa e transparente em relação às práticas sustentáveis. “Nesse cenário, é importante ser proativo para demonstrar de forma transparente a atuação responsável e sustentável de sua empresa, reduzindo riscos e fortalecendo a credibilidade do setor”, aconselha Lapo.
Investir em prevenção e em boas práticas ambientais não apenas protege o meio ambiente, mas também fortalece a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global.
“As instituições que adotam boas práticas e utilizam ferramentas inovadoras colherão benefícios em nível global, garantindo acesso a crédito, novos mercados e oportunidades de crescimento sustentável”, conclui Lapo.
As iniciativas do BNDES e do Banco Central, aliadas à conscientização e ação dos produtores rurais, reforçam a importância de uma produção agrícola responsável e sustentável, essencial para o futuro do agronegócio brasileiro.