Pastagens: Recuperação, conversão e outros termos importantes - Produzindo Certo
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Pastagens: Recuperação, conversão e outros termos importantes

No final de 2023, o Governo Federal instituiu o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD).

A iniciativa visa a recuperação e a conversão de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade em áreas agricultáveis em dez anos, o que deve praticamente dobrar a área de produção de alimentos no Brasil sem desmatamento e evitar a expansão sobre áreas de vegetação nativa.

“Com foco na produção com rastreabilidade e sustentabilidade, a proposta visa a intensificação da produção de alimentos, sem avançar no desmatamento sobre as áreas já preservadas e com práticas que levem à não emissão de carbono”, disse o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, sobre o Programa.

De acordo com o Ministério, O PNCPD vai apoiar apenas empreendimentos que estejam inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e que no prazo de dez anos, contado da data de ingresso no Programa, reduzam as suas emissões ou aumentem a absorção de gases de efeito estufa, por meio do uso de práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e de governança; não apresentem aumento das emissões de gases de efeito estufa advindas da mudança no uso da terra; e que observem, no caso de financiamento, as condições previstas em normas relativas a crédito rural, aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O Programa é considerado a principal bandeira do governo brasileiro, tem metas ambiciosas e gera grande expectativa entre os produtores e o setor privado. Por isso, esta edição do Dicionagro se dedica a explicar alguns conceitos primordiais para o sucesso da iniciativa.

Afinal, o que significa recuperação de pastagens? É o que você confere a seguir, além da explicação de outros termos importantes para quem busca uma agropecuária mais responsável.

Degradação

Um dos principais problemas da pecuária brasileira atualmente, a degradação é a redução da capacidade produtiva de uma pastagem, ou seja, se traduz em perda de vigor da forragem, redução do potencial natural de recuperação, em dificuldades para atender as necessidades nutricionais dos animais e na diminuição do ganho de peso do rebanho ou da produção de leite.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Moacyr Bernardino Dias-Filho, autor da publicação “Degradação de pastagens – O que é e como evitar, existem dois tipos principais de degradação de pastagem: a “degradação agrícola” e a “degradação biológica”.

Na primeira, ocorre um aumento excessivo do percentual de plantas daninhas na pastagem, o que diminui a capacidade produtiva do pasto devido a competição entre as espécies. No segundo tipo, a queda da produtividade da pastagem está principalmente associada à deterioração do solo.

É uma condição mais drástica de degradação. Nesse caso, há um aumento na proporção de solo descoberto (sem vegetação) na área da pastagem, facilitando a erosão, a perda de matéria orgânica e de nutrientes do solo.

Recuperação e conversão

Confirmada a degradação de uma pastagem, uma alternativa é a recuperação da área para a conversão em lavouras ou em pastos produtivos novamente.

Segundo o zootecnista Diego Echeverria, autor do artigo “Recuperação de pastagem: O que é e como fazer”, o termo pode ser entendido como o restabelecimento e a manutenção da população de plantas já existentes, ou seja, a forrageira que já está implantada na área, utilizando-se de técnicas que promovam o retorno produtivo dessa pastagem, não havendo gastos com preparo de solo (operações de aração e gradagem na área) e aquisição de sementes.

Em seu artigo, o zootecnista também cita algumas técnicas utilizadas no processo de recuperação de pastagens, como o plantio de leguminosas nas áreas em degradação, utilização de grade pesada, ressemeadura da forrageira junto ao plantio de uma cultura anual, vedação por longos períodos e a integração lavoura-pecuária.

Já o pesquisador da Embrapa, Moacyr Bernardino Dias-Filho, descreve dois métodos específicos:

Recuperação direta – Que é a recomposição da produtividade da pastagem e da cobertura do solo pelas forrageiras. É a forma mais simples e relativamente mais barata de se recuperar um pasto. Geralmente, consiste em controlar as plantas daninhas e ajustar a fertilidade do solo, por meio de adubação, com base em resultado de análise de solo.

Em certas situações, pode haver a necessidade de replantio das forrageiras, mas apenas nas áreas de solo descoberto, sem ser necessário o preparo do solo.

Recuperação/renovação indireta – Na recuperação/renovação indireta, a formação da pastagem é integrada com o plantio de lavoura (ILP), lavoura mais floresta (ILPF) ou apenas floresta (sistema silvipastoril), como forma de recuperar a fertilidade do solo, obter renda em curto prazo, ou diversificar a geração de renda.

Essa opção requer mais investimentos em curto prazo, porém, geralmente, tem maior potencial de retorno do capital investido. Tem ainda a vantagem de agregar outras atividades e novas fontes de renda na mesma área.

Reforma

Por fim, a reforma da pastagem é mais uma opção para o pecuarista. Ainda segundo o zootecnista Diego Echeverria, o procedimento consiste em remover a forrageira existente na área degradada, utilizando métodos como preparo do solo ou aplicação de herbicidas dessecantes. O objetivo é implantar uma nova forrageira no local, seja por meio de plantio direto, semeadura convencional ou plantio por mudas.

Vale destacar que em casos mais graves de degradação, não há como fazer a recuperação da pastagem, por isso a reforma se torna a melhor alternativa.

Existe um cálculo simples que ajuda o produtor a decidir entre recuperar e reformar uma área degradada. De acordo com especialistas, se existirem áreas com mais de 2 m² de solo descoberto na mesma região, entende-se que a melhor saída é o estabelecimento de uma nova pastagem, ou seja, a reforma.