Produzindo Certo é selecionada pelo Land Innovation Fund - Produzindo Certo
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Produzindo Certo é selecionada pelo Land Innovation Fund

Fundo internacional vai investir cerca de US$ 4 milhões em projetos voltados a produção responsável de soja no Brasil, na Argentina e no Paraguai

O Land Innovation Fund (LIF), fundo criado pela norte-americana Cargill, com gerenciamento da Chemonics International, para apoiar e financiar iniciativas dedicadas à produção responsável de soja na América Latina, acaba de anunciar os projetos que serão apoiados na segunda chamada de financiamentos.

A Produzindo Certo foi um dos projetos brasileiros selecionados, como uma plataforma de diagnóstico e conformidade socioambiental que ampliará a base de dados em 500 mil hectares de terra, democratizando o acesso do produtor rural à assistência técnica em sustentabilidade e à oportunidade de negócios verdes.

“Quando se fala em inovação, vem na nossa mente palavras como tecnologia digital, robôs, etc., e nossa solução tem um componente muito importante de assistência técnica, de educação e capacitação, ou seja, tecnologia social. Ter um fundo como o LIF acreditando junto conosco que a junção de tecnologias social e digital tem um potencial de impacto positivo para a cadeia da soja brasileira, reforça que estamos no caminho certo”, diz a CEO da Produzindo Certo, Aline Locks.

Ela explica que o novo suporte financeiro será direcionado à “democratização de assistência técnica em sustentabilidade através da formação e capacitação de extensionistas; ao aprimoramento tecnológico da nossa plataforma digital e do aplicativo para smartphone Eu Produzo Certo, para facilitar a conexão dos produtores rurais com oportunidades de negócios e empresas que valorizem os indicadores socioambientais de sua produção”.

Uma nova etapa

Iniciada em outubro de 2021, a segunda rodada de financiamento de projetos do Land Innovation Fund selecionou sete finalistas entre 47 submissões. Foram escolhidas quatro no Brasil e três na Argentina e no Paraguai, para receber um aporte de cerca de US$ 4 milhões nesta nova etapa.

São projetos que auxiliam no enfrentamento de alguns dos maiores desafios da agenda de sustentabilidade e que propõem soluções de inovação que vão de programas de compensação florestal ao monitoramento e gestão sustentável de propriedades, de boas práticas agrícolas e sequestro de carbono ao fomento a mecanismos financeiros de pagamentos por serviços ambientais.

Com alcance estimado em 400 propriedades rurais, são soluções que ampliam a diversidade do portfólio de projetos do LIF em favor de uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão da vegetação nativa em três biomas prioritários da região: Cerrado, Gran Chaco e Amazônia.

Em breve a terceira chamada

Em pouco mais de um ano de atuação, o Land Innovation Fund apoiou a implementação de treze projetos, com nove parceiros e a participação de trinta startups; engajou mais de 60 produtores rurais e mais de 70 instituições em dois biomas na América do Sul, Cerrado e Gran Chaco; conduziu o processo de seleção para a segunda rodada de projetos; e estruturou a dinâmica de seleção da terceira chamada para fomento e cooperação de iniciativas e parcerias, a ser aberta nos próximos meses.

 “A demanda crescente por alimentos associada ao aumento dos efeitos das mudanças climáticas exige soluções imediatas em favor de uma agricultura sustentável. O novo portfólio de projetos reafirma o nosso compromisso com o fomento à inovação para a transformação da cadeia de suprimentos da soja, com foco na fazenda e no produtor rural, e amplia a nossa presença e atuação nos biomas prioritários para o Land Innovation Fund na América do Sul: Cerrado, Gran Chaco e Amazônia”, explica o diretor do Fundo, Carlos E. Quintela.

“O engajamento de todos os players da cadeia é muito importante para que tenhamos resultados positivos quanto a produção responsável. Adicionalmente, o Brasil rural é muito heterogêneo quanto ao acesso a tecnologia, assistência técnica, capacidade de investimento em adequações socioambientais, entre outros aspectos, o que torna fundamental a aterrisagem de investimentos como este para apoiar a consolidação de soluções que contribuem para que essa assimetria seja diminuída”, conclui a CEO da Produzindo Certo.  

Conheça as sete iniciativas selecionadas na segunda rodada de investimentos do LIF:

NO BRASIL:

PROGRAMA DE REPOSIÇÃO FLORESTAL: alavancar o instrumento de reposição financeira no Código Florestal brasileiro para promover o desenvolvimento sustentável: esta é a proposta do Climate Policy Initiative, que pretende ainda aumentar a transparência, o acesso aos dados e a integração de informações para aprimorar a tomada de decisão e fortalecer os mecanismos ecossistêmicos no país. O projeto utilizará pesquisas aprofundadas, diálogos estruturados e ampla divulgação para garantir a regulamentação e implementação da reposição florestal em todos os estados produtores de soja no Brasil, com ênfase nos biomas Cerrado e Amazônia. A meta é criar condições para abertura de corredores ecológicos e proteção de áreas prioritárias para conservação.

PLATAFORMA PRODUZINDO CERTO: o hub digital de negócios verdes irá desenvolver novas funcionalidades para a plataforma Produzindo Certo e aprimorar a experiência do usuário; treinar 60 multiplicadores para agregar valor aos serviços realizados pelo produtor rural; adicionar pelo menos 500 mil hectares de terra à base de dados da plataforma, oferecendo um diagnóstico socioambiental detalhado e um plano de ação para corrigir eventuais não-conformidades; oferecer aos agricultores acesso ao aplicativo “Eu produzo certo”, com novas oportunidades de negócios verdes; agregar três novos contratos comerciais ao catálogo de empresas atendidas pela Plataforma, e oferecer até R$50 milhões em volume de crédito verde para financiamento da produção sustentável de soja no país, criando condições técnicas e financeiras para uma prática agrícola responsável.

CIÊNCIAS COMPORTAMENTAIS APLICADAS À UMA CADEIA DA SOJA SUSTENTÁVEL: com foco no bioma Cerrado, o projeto do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) visa aplicar as ciências comportamentais de forma inovadora explorando o papel da economia comportamental no desenho de incentivos e intervenções políticas para conservar e restaurar voluntariamente a vegetação nativa e adotar práticas sustentáveis; testando como intervenções comportamentais podem aumentar a disposição para aceitar tais incentivos; e contribuindo para a implementação de políticas privadas, públicas e multilaterais favoráveis à agricultura responsável.

PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS NO CERRADO: Com foco em áreas de Cerrado do Estado do Tocantins, o projeto da Treevia, em parceria com a GSS Carbono e Bioinovação visa facilitar o acesso do produtor rural a diferentes ferramentas tecnológicas e instrumentos financeiros que permitam o pagamento por serviços ambientais, gerando receita adicional que incentive a conservação de áreas nativas, evitando o desmatamento e a conversão de novas áreas na cadeia da soja. A iniciativa será implementada em duas frentes: o desenvolvimento de uma ferramenta de software e hardware que permita a aplicação de metodologias de monitoramento, relatório e verificação (MRV), e terá como base a ferramenta SmartForest da Treevia; e a construção de instrumentos técnicos, jurídicos e financeiros que permitam aos produtores rurais gerar renda adicional para a manutenção da floresta em pé, por meio da comercialização de ativos ambientais em uma plataforma inovadora.

Na Argentina e Paraguai:

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E PRODUTIVA NO CHACOCriar modelos de produção agrícola inovadora e sustentável para a região do Gran Chaco: este é o objetivo do projeto da Associação argentina de consórcios regionais de experimentação agrícola (AACREA), em parceria com a Associação argentina da cadeia de suprimentos da soja (ACSOJA). A iniciativa pretende estabelecer e validar, com pelo menos 100 agricultores em uma área de cerca de 250 mil hectares do bioma na Argentina, modelos de intensificação ecológica agrícola que mantenham ou aumentem os rendimentos do produtor rural; reduzam as perdas de colheitas; conservem as áreas naturais dentro das fazendas; contemplem a restauração de solos e ambientes degradados; e apliquem indicadores ambientais, com foco em carbono do solo e biodiversidade.

VISEC: PLATAFORMA DE MONITORAMENTO NO GRAN CHACO: A proposta da Câmera da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA), em parceria com Peterson-Control Union (PCU) e a Bolsa de Comercio de Rosario, é estabelecer uma plataforma de rastreabilidade e monitoramento inovadora para avaliar os impactos ambientais, sociais e econômicos da produção de soja e outras commodities em áreas prioritárias da Argentina, começando pelo Gran Chaco. A plataforma VISEC reunirá, em um único sistema, dados de monitoramento e verificação de toda a soja comercializada na Argentina, unificando parâmetros e requisitos de sustentabilidade relevantes para a comercialização do grão. A iniciativa envolve a contribuição e o engajamento de diferentes atores, desde produtores até exportadores e ONG’s, e propõe-se a gerar dados de forma transparente, confiável e acessível ao público, contribuindo para a produção e comercialização de bens essenciais de forma ambientalmente sustentável, principalmente a soja e seus derivados.

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS E SEQUESTRO DE CARBONO: A Fundação ProYungas, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (AAPRESID) e Fundação Moisés Bertoni, apoiará a adoção de boas práticas agrícolas e estimulará a conservação e restauração da vegetação nativa em fazendas de soja do bioma Gran Chaco, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a valorização da floresta em pé. O projeto será implementado em cinco fazendas-piloto de soja na Argentina e no Paraguai, abrangendo pelo menos 50.000 hectares, onde serão realizadas a quantificação de carbono da atividade produtiva; a avaliação do estoque de carbono da vegetação nativa; a classificação por categoria – se emissor de carbono, carbono neutro ou sumidouro de carbono); o desenvolvimento de um projeto de compensação de emissões de carbono da área de vegetação nativa, com credenciamento internacional, e o desenvolvimento de uma plataforma de informação online que garanta transparência aos projetos.

Fonte: Land Innovation Fund (LIF)