Planejar uma safra é sempre um desafio. É muito mais do que escolher a semente e preparar o solo. O produtor rural precisa antecipar decisões que envolvem o regime de chuvas, a escolha das variedades mais adaptadas, a janela de plantio, a disponibilidade de insumos e até mesmo as exigências de crédito e seguro agrícola.
Cada passo tem impacto direto no sucesso da produção e, em um cenário de incertezas climáticas e margens cada vez mais apertadas, errar pode custar ainda mais caro.
Como prever se a chuva chegará no momento certo ou se alguma geada poderá comprometer a lavoura? Qual é o período mais seguro para plantar em determinada região? Essas são dúvidas que fazem parte da rotina de quem vive no campo.
Para dar respostas com embasamento técnico e científico a essas questões, foi criado o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura do governo brasileiro desenvolvido em parceria com a Embrapa.
Desde sua criação em 1995, o ZARC se tornou uma das ferramentas mais estratégicas do agro brasileiro. Com base em análises detalhadas de séries históricas de dados meteorológicos, ele passou a orientar produtores sobre os períodos de plantio de menor risco climático para dezenas de culturas.
Como surgiu o ZARC
O ZARC nasceu como política pública para reduzir riscos e aumentar a previsibilidade no campo. Desenvolvido a partir de pesquisas da Embrapa e de séries históricas de mais de 30 anos de dados meteorológicos, ele rapidamente se consolidou como uma referência.
Além de guiar decisões no campo, o zoneamento se conecta diretamente a instrumentos como o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e o seguro rural. Apenas produtores que seguem suas recomendações podem acessar esses mecanismos de proteção, reforçando a importância da ferramenta.
Hoje, o ZARC cobre mais de 40 culturas agrícolas no Brasil. Entre elas estão algumas das mais relevantes para a economia nacional, como soja, milho, algodão, café, trigo, arroz, feijão, cana-de-açúcar e girassol.
Cada cultura recebe zoneamentos específicos, com recomendações ajustadas às condições de cada região produtiva. O resultado é um guia prático que ajuda o produtor a reduzir riscos de perdas e planejar melhor o uso de insumos, mão de obra e maquinário.
Como o ZARC é elaborado
A construção do zoneamento é feita a partir da combinação de informações sobre clima, solo e ciclo das culturas. Pesquisadores da Embrapa utilizam modelos agrometeorológicos para simular o desenvolvimento das plantas em diferentes condições.
Com esses dados, são definidos períodos de plantio com níveis de risco que variam entre 20%, 30% e 40%. Cabe ao produtor avaliar qual janela de plantio adotar, equilibrando riscos e potencial produtivo.
O acesso ao ZARC é gratuito e pode ser feito diretamente no site do Mapa, no Painel de Risco Agroclimático, ou ainda pelo aplicativo ZARC Plantio Certo, disponível para Android e iOS.
Ao selecionar a cultura, o município e a região, o sistema apresenta os períodos mais indicados de plantio e o percentual de risco associado. Assim, o agricultor tem informações confiáveis para planejar sua safra e também atender às exigências de crédito e seguro rural.
Mais do que um guia de datas, o ZARC se tornou parte da estratégia de gestão no campo. Ele garante previsibilidade, melhora a eficiência no uso de recursos e reduz perdas ligadas a eventos climáticos adversos.
Ao integrar ciência e política pública, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático mostra como conhecimento técnico pode se transformar em produtividade e sustentabilidade para a agricultura brasileira.
