Perspectivas 2022: Mais demandas para o campo - Produzindo Certo
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Perspectivas 2022: Mais demandas para o campo

Para a Produzindo Certo, o ano trará expansão e consolidação de projetos a partir de uma maior pressão para que as empresas cumpram seus compromissos de sustentabilidade

Dobrar o número de propriedades cadastradas, chegar mais próximo do produtor, atender a uma demanda crescente, colocar os pés na Argentina. Um breve resumo do que 2022 deve trazer à Produzindo Certo permite ter a dimensão de como a busca por serviços e informações relacionados à produção responsável no campo deve ser uma das marcas deste ano que se inicia.

Para Aline e Charton Locks, respectivamente CEO e diretor de operações da Produzindo Certo, o agronegócio brasileiro viverá mais um ano crucial em sua trajetória para se aproximar das demandas dos consumidores de todo o mundo e apresentar a sua face mais moderna e comprometida com as melhores práticas produtivas e socioambientais. “Vamos ver o produtor começando a ser tocado pelos compromissos Net Zero feitos pelas empresas no ano passado, na esteira da COP26”, afirma Charton. “Isso vai respingar ainda mais forte no campo em 2022”, diz. “Estas demandas devem trazer junto novas oportunidades para os produtores brasileiros” adiciona Aline.

Como novos projetos e parcerias à vista, os executivos apresentaram, em entrevista ao blog da empresa, sua visão sobre a conjuntura que esperam encontrar em 2022 e como isso deve se refletir nos negócios da Produzindo Certo e do setor. Acompanhe os principais trechos:

Crescimento e mercado:

Aline: “Nossa expectativa é adicionar pelo menos mais 2,8 mil propriedades à Plataforma Produzindo Certo. Essa demanda já está contratada em função dos contratosque executaremos, inclusive com a incorporação de novos clientes. Vamos chegar a mais de 6 mil propriedades no fim do ano”.

Charton: “Temos contratados, até agora, pelo menos oito grupos de certificação de soja para este ano. Isso é decorrência de demanda de mercado. Ou seja, algum comprador está demandando produto com origem atestada e certificação. É um comprador disposto a pagar prêmios pela produção responsável.

É bem verdade que os prêmios ainda têm valores baixos, mas a sinalização continua. Até o ano passado, foram três projetos do gênero. Isso demonstra claramente o aumento do interesse. E ainda não incluímos aqui a renovação dos projetos anteriores, apenas a chegada de novos clientes demandando soja certificada.

Na pecuária, também há a consolidação do projeto de couro sustentável. Pela primeira vez produtores receberão cheques, de grandes marcas da moda, exclusivamente pela sustentabilidade da produção, com garantia de bem-estar animal, desmatamento zero e outras boas práticas. A expectativa é que esse piloto resulte na criação de um mercado, gerando uma renda extra para os pecuaristas”.

A chegada à Argentina:

Aline: “Vamos levar à Argentina a experiência que temos com o produtor brasileiro e trabalhar da forma como trabalhamos aqui com o produtor argentino. Vamos atuar em um piloto com agricultores da região do Chaco.

O Chaco é uma área em que está havendo a conversão de ambientes naturais para agricultura. Proporcionalmente, é uma preocupação semelhante com a que se tem na Amazônia. O objetivo é promover o conceito “Produzindo Certo” na região e apoiar os produtores em processos de certificação, como RTRS por exemplo, pois existe uma demanda de traders nesse sentido.

O primeiro passo é estudar a legislação ambiental, trabalhista e social argentina, para customizar nosso protocolo à realidade local”.

Finanças verdes:

Aline: “O tema continua em alta. Com o lançamento do CRA Verde.tech, entendemos as dificuldades em superar a diferença entre o que se fala sobre a demanda por operações que tragam resultados ambientais e sua respectiva valorização na prática, mas vamos manter os esforços.

Temos conversado com fontes de financiamento para novas iniciativas semelhantes. Precisaremos observar a conjuntura de mercado, como os juros em alta, que muitas vezes torna mais atrativoaplicar em títulos públicos, renda fixa, que investir em algo com mais risco.

Mas temos já certa a revolvência do 1º CRA Verde.tech e a expectativa de fazermos uma segunda operação ainda maior. Além disso, mantemos conversas com fundos focados em agricultura familiar, pensando em um produto financeiro que valorize a floresta”.

Pagamentos por serviços ambientais:

Charton: “Neste ano a temática dos pagamentos por serviços ambientais (PSA) deve amadurecer um pouco mais. De nossa parte, anunciaremos nas próximas semanas uma nova parceria, com uma empresa especializada na elaboração de projetos de crédito de carbono certificados para produtores que têm excedente em reserva legal ou recuperam áreas degradadas. Queremos que os produtores tenham mais este produto, o carbono, para oferecer ao mercado.

Temos também outras frentes para buscar pagamento por excedente de reservas, independente de carbono. Estamos atentos ao custo de oportunidade para manter floresta em pé”.

Pegada de carbono:

Charton: “A preocupação com a pegada de carbono da agropecuária vai se intensificar este ano. Já estamos realizando trabalhos de medição para várias fazendas, incluindo culturas de café, soja e pecuária. Temos recebido telefonemas de produtores que precisam demonstrar sua situação nessa área até mesmo na busca de recursos em bancos.

Ainda não existem protocolos de carbono nos bancos, cujas exigências hoje estão mais baseadas em critérios ESG. Mas estamos começando a caminhar para ter mais esse item como requisito. Está chegando ao produtor essa demanda por comprovar a sua pegada de carbono.

Por outro lado, estão vindo tecnologias que ajudam a reduzir emissões. Na pecuária, por exemplo, elas permitem reduzir em até 80% as emissões por conta da fermentação entérica. Isso deve crescer, com um aumento do número de pecuaristas testando essas novas soluções.

Vamos evoluir para ter uma calculadora automatizada da pegada de carbono das fazendas. Aquelas que não desmatam e investem em boas práticas têm pegada muito menor. A pegada de carbono da soja brasileira é alta porque existe uma área de fronteira, em que ainda ocorrem desmatamentos e isso faz subir a média nacional. Quando começamos a separar essa conta por propriedade é diferente, é possível mostrar a situação de cada um, e a maior parte da soja brasileira pode ser considerada de baixo carbono. Com essa medição os produtores começarão a se posicionar melhor, poderão comunicar mais um poderoso indicador para o mercado. Vamos poder separar o joio do trigo”.