O solo virou ativo: Como a tecnologia está mudando o valor do campo - Produzindo Certo
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O solo virou ativo: Como a tecnologia está mudando o valor do campo

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Em um mundo onde a sustentabilidade se tornou um requisito básico para o futuro da produção agropecuária, a mensuração do carbono estocado no solo e na vegetação ganhou papel de destaque. Medir com precisão esse estoque é essencial não apenas para o planejamento territorial sustentável, mas também para a validação de projetos que visam a geração de créditos de carbono.

Atenta a esse cenário em constante evolução, a agricultura brasileira tem avançado com iniciativas que combinam inovação tecnológica e impacto ambiental positivo. Diversas soluções já estão sendo utilizadas para tornar essa medição mais eficiente, acessível e confiável. E o Brasil começa a se posicionar como protagonista nesse mercado em expansão.

Para te manter por dentro das tendências que estão moldando o futuro do campo, o Head de Inovação e Tecnologia da Produzindo Certo, Leonardo Pinheiro, selecionou as tecnologias mais avançadas para a medição de carbono no solo. Nesta lista especial, ele mostra como a inovação pode transformar a relação do agro com a sustentabilidade e abrir portas no mercado climático. Confira!

Sensoriamento remoto por satélite e drones

Uma das tecnologias mais difundidas é o sensoriamento remoto, que utiliza imagens de satélites ou drones para estimar biomassa vegetal e variações na cobertura do solo. Ferramentas como NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) e plataformas como MapBiomas, Google Earth Engine e Planet Labs ajudam a mapear áreas desmatadas, regeneradas ou cultivadas. Com isso, é possível calcular a fixação ou perda de carbono em larga escala.

LIDAR (Light Detection and Ranging)

Outra tecnologia importante é o LIDAR, que emite pulsos de laser e mede o tempo que a luz leva para retornar após atingir a vegetação. O resultado são modelos tridimensionais da floresta ou da vegetação agrícola, permitindo cálculos mais precisos de volume e, por consequência, de carbono estocado na biomassa.

Espectroscopia e análise laboratorial de solo

As análises físicas e químicas do solo continuam sendo fundamentais. Por meio de técnicas laboratoriais convencionais e mais modernas, como a espectroscopia de infravermelho (NIRS) e a respirometria do solo, é possível quantificar o carbono orgânico total e a atividade microbiana — indicadores diretos da saúde do solo e do carbono estocado.

Inteligência Artificial e Big Data

Com o avanço da digitalização no campo, algoritmos de inteligência artificial (IA) são aplicados para correlacionar dados de solo, clima, uso da terra e produtividade com os estoques de carbono. Esses sistemas podem prever o comportamento do carbono em diferentes cenários, subsidiando práticas de manejo mais sustentáveis.

Carbono Xingu: Tecnologia espacial para medir carbono no solo

Entre as iniciativas mais inovadoras do Brasil está o projeto Carbono Xingu, lançado por empresas do setor agropecuário em parceria com a startup Agrorobótica e a Embrapa Instrumentação. O grande diferencial do projeto é o uso de uma tecnologia criada originalmente para missões da NASA em Marte: a espectroscopia de emissão óptica por plasma induzido por laser (LIBS).

Essa tecnologia, usada no equipamento AGLIBS, permite a digitalização do solo, medindo em segundos o carbono e outros nutrientes com alta precisão e sem reagentes químicos. Em campo, o equipamento pode analisar até mil amostras por dia, gerando dados que alimentam uma plataforma de gestão da fertilidade e do carbono do solo.

O projeto abrange áreas de lavoura e pecuária nos territórios do Xingu, promovendo práticas regenerativas, abrindo espaço para a geração de créditos de carbono verificados e consolidando um modelo de agricultura sustentável e tecnicamente embasado.

O futuro do carbono está sob nossos pés

A revolução das tecnologias de mensuração de carbono está transformando o solo em ativo estratégico. A precisão na quantificação do carbono sequestrado abre portas para um mercado em crescimento, valorizando práticas sustentáveis e fortalecendo a imagem do agronegócio brasileiro como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono.

Com o uso combinado de sensores remotos, espectroscopia avançada, inteligência artificial e ciência de dados, a tecnologia está tornando a mensuração de carbono mais acessível e escalável, um dos passos essenciais para a viabilidade econômica de projetos que monetizam serviços ambientais.