O que fazer com as embalagens de defensivos agrícolas - Produzindo Certo
Publicado em
O que fazer com as embalagens de defensivos agrícolas

O que você precisa saber para fazer o descarte correto das embalagens dos produtos químicos usados na fazenda

Um dos principais produtores e exportadores de diversas commodities, como soja, milho, café, laranja e carnes, o agronegócio brasileiro também é destaque internacional na logística reversa das embalagens de agroquímicos. Pelo menos 94% dos recipientes comercializados no Brasil são descartados de forma ambientalmente correta todos os anos. Índice que coloca o País à frente dos Estados Unidos e de países da Europa.

Essa marca tão expressiva só é possível graças ao Sistema Campo Limpo, que organiza o trabalho realizado pelos produtores, fabricantes, revendas, cooperativas e órgãos públicos. Criado no início dos anos 2000, o programa é administrado pelo Inpev, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, e é responsável pela logística reversa desse material no País, que é todo o processo que garante o recolhimento e a reciclagem desse material após o seu uso.

Um dos trunfos do Campo Limpo é deixar bem definidos os papéis de cada um no processo. As revendas e cooperativas, por exemplo, indicam na nota fiscal o local onde as embalagens devem ser devolvidas após o uso. Fique atento a essa informação, pois o produtor é responsável pela devolução. Nas centrais de recebimento o material é preparado para o destino final, que é a reciclagem, em cerca de 90% dos casos, ou a incineração. Cabe ao poder público a fiscalização todo processo.

O papel do produtor

O produtor rural tem um papel fundamental em todo o processo. Ele é responsável pela lavagem correta, armazenamento adequado e devolução nas centrais de recebimento. Confira:

Lavagem: existem duas formas de se fazer a lavagem das embalagens:

  • Tríplice lavagem – Consiste em enxaguar três vezes a embalagem, conforme descrito abaixo.

1 – Esvaziar totalmente a embalagem.

2 – Encher a embalagem com água limpa até ¼ de seu volume (25%).

3 – Recolocar a tampa e fechar com firmeza. Agitar o recipiente vigorosamente em todos os sentidos, durante cerca de 30 segundos para dissolver qualquer resíduo do produto que tenha aderido à superfície interna da embalagem.

4 – Despejar a água de enxague dentro do tanque do equipamento de aplicação, com cuidado para não espirrar. A embalagem deve ficar sobre a abertura do tanque por aproximadamente mais 30 segundos, para que todo o conteúdo escorra.

5 – Repetir esses procedimentos mais duas vezes.

6 – Inutilizar a embalagem. Para isso, basta perfurar seu fundo com um objeto pontiagudo.

  • Lavagem sob pressão – Nesse sistema, a embalagem é encaixada no funil do pulverizador e a bomba do próprio equipamento gera a pressão para pressionar o bico de lavagem. A água limpa utilizada no processo é captada de um tanque extra, que pode ou não estar integrado ao equipamento.

1 – Esvaziar totalmente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador.

2 – Encaixar a embalagem vazia no local apropriado do funil instalado no pulverizador.

3 – Adicionar o mecanismo para liberar o jato de água.

4 – Direcionar o jato de água para todas as paredes internas da embalagem por 30 segundos.

5 – Transferir a água de lavagem para o interior do tanque do pulverizador.

6 – Inutilizar a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo.

Armazenamento: Além disso, o produtor precisa garantir que essas embalagens limpas (com suas tampas, rótulos e caixas) sejam armazenadas adequadamente, separadas por tipo:

  • Embalagens flexíveis: devem ser esvaziadas completamente no momento do uso e guardadas dentro de uma embalagem de resgate* fechada e identificada;
  • Embalagens rígidas: após o processo de lavagem, devem ser tampadas e acondicionadas, de preferência na própria caixa de embarque que, por ser do tipo não lavável, não deve ser perfurada;
  • Embalagens secundárias: devem ser armazenadas separadamente das embalagens contaminadas e podem ser utilizadas para acondicionar as embalagens rígidas.

Devolução: A devolução deve ser feita no prazo de até um ano apís a compra dos produtos nas unidades de recebimento do sistema Campo Limpo, indicadas pelo revendedor no corpo da nota fiscal. Em geral, as próprias revendas fazem esse recebimento e devem ser consultadas em caso de dúvida. A entrega deve ser feita mediante agendamento, que pode ser feito eletronicamente no site do Inpev.

Se houver sobras de produtos, as embalagens devem ser devolvidas até seis meses após a data de vencimento.

Impacto positivo

Até hoje mais de 651 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas foram devolvidas e receberam o descarte correto por meio do sistema. Essas milhares de toneladas retiradas do campo ajudaram o Brasil a economizar energia, a reduzir a produção de lixo, além de contribuir para a geração de empregos e renda e ofertar matéria prima e produtos para a indústria.

A edição mais recente do Estudo de Ecoeficiência do Sistema Campo Limpo, realizado pela Fundação Espaço Eco, aponta que, entre 2002 e 2020, o programa evitou a emissão de 823 mil toneladas de gás carbônico equivalente e evitou o consumo de 36 bilhões de megajoules de energia, o que é suficiente para fornecer energia elétrica para mais de 5,2 milhões de residências durante um ano.

Antes da criação do programa, as embalagens eram um grande problema para os produtores. O descarte era feito de várias formas nocivas à saúde e ao meio ambiente por falta de legislação e orientação. Foi a partir dos anos 90 que fabricantes, produtores e o poder público começaram a discutir meios para promover a destinação correta das embalagens de defensivos. Os debates deram origem ao sistema que resolveu este gargalo do setor.

O Sistema Campo Limpo conta com mais de 400 pontos de recebimento, entre centrais e postos, que estão espalhados pelos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Essas unidades atendem quase dois milhões de propriedades rurais. Além disso, o programa também conta com pontos itinerantes de recebimento, uma solução para chegar aos pequenos produtores, muitas vezes distantes dos pontos fixos e com mais dificuldades para fazer a devolução.

O destino das embalagens

7% – Incineração

93% – Reciclagem – Se tornam novos produtos como contuítes, dutos, tubo para esgoto, caixa de bateria automotiva e até novas embalagens para defensivos químicos ou óleo lubrificante.

(Fonte: InpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias)

Para ler outros conteúdos da seção Faça Certo, clique aqui.