É hora de plantar a soja responsável - Produzindo Certo
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É hora de plantar a soja responsável

O que o produtor precisa saber para atender à demanda crescente pela soja responsável, produzida de forma sustentável

A soja responsável é aquela que é produzida de forma sustentável
A soja responsável é aquela que é produzida de forma sustentável

Em algumas regiões do País, as máquinas estão em ação. Em outras, esperam apenas o momento certo e a chegada das chuvas para começar a espalhar as sementes para mais uma safra de verão. A expectativa é de que a área plantada com soja cresça cerca de 1,2%, segundo estimativa do IBGE. Com mais produtividade, a previsão é de que a colheita gere mais de 127 milhões de toneladas do grão, 4,6% acima do obtido em 2020.

Cotações internacionais em alta, câmbio favorável e demanda em alta em países como a China ajudam a explicar o momento positivo. Mas um mercado em especial tem se desenvolvido de forma ainda mais forte: o da soja responsável. Cada vez mais desejado pelas principais indústrias de alimentos de todo o mundo, o grão produzido de acordo com as melhores práticas socioambientais – e, posteriormente, certificado por empresas especializadas – tem despertado cada vez mais interesse dos compradores, principalmente as grandes tradings responsáveis pela negociação com grupos nacionais e internacionais. No Mato Grosso, por exemplo, as seis principais traders globais de soja — ADM, Bunge, Cargill, COFCO International, Glencore Agriculture e Louis Dreyfus Company –, reunidas no Soft Commodities Forum (SCF), juntaram-se ao governo do Estado do Mato Grosso (por meio do Instituto PCI), o Environmental Defense Fund (EDF) e a Produzindo Certo para ampliar a produção responsável na região (saiba mais lendo a reportagem do nosso blog).

Obter qualquer certificação de soja responsável exige que o produtor esteja atento a protocolos específicos, que variam conforme o selo escolhido. Para atendê-los, o agricultor precisa seguir uma série de critérios em suas propriedades e no manejo da cultura. As avaliações podem contar com mais de uma centena de itens avaliados e a certificação só é dada a quem estiver em conformidade em um número mínimo deles – que também varia conforme o padrão escolhido, mas fica em torno de 60% no primeiro ano de certificação, na maioria delas. O protocolo utilizado pela Produzindo Certo – que não atua como certificadora, mas como uma orientadora aos produtores para que se adequem às exigências do mercado –, por exemplo, avalia 108 pontos.

O CAMINHO RESPONSÁVEL

O primeiro passo para um produtor originar uma soja com a qualificação “responsável” é tomar a decisão de conhecer as exigências e entender como se adequar a elas. De forma genérica, os pontos verificados pelos protocolos podem ser resumidos em cinco regras principais:

– Utilizar boas práticas agrícolas em todas as etapas da produção, do preparo do solo à colheita;

– Atender à legislação ambiental, respeitando ao estabelecido no Código Florestal, com áreas de preservação ambiental averbadas, preservação de matas nativas e não plantar em área de desmatamento ilegal;

– Estar em dia com a legislação trabalhista, cumprindo o estabelecido na CLT e em normas como a NR31 (que regula questões de segurança e saúde dos trabalhadores rurais);

– Manter bom relacionamento com a comunidade, oferecendo oportunidades de emprego à população local e garantindo que sua atividade não cause nenhum efeito indesejado ao entorno.

CUIDADOS NO MANEJO AGRÍCOLA

Quando se fala do manejo da lavoura, a produção responsável requer atenção mais rigorosa em cada etapa do cultivo, com a realização de um bom planejamento para cada uma delas. É importante ressaltar que a produção da soja responsável, diferentemente da soja orgânica, pode ser feita de forma convencional, com auxílio de insumos químicos. Mas é fundamental que seu uso seja racional, de acordo com as melhores práticas agrícolas. 

Veja a seguir algumas recomendações importantes a serem observadas nas diferentes fases da cultura:

  • Preparo do Solo:  rotação de culturas e uso de plantas de cobertura (como a crotalária) ajudam a manter umidade e nutrientes, contribuem com a fixação de nitrogênio, além de auxiliar no controle de nematoides, por exemplo. Por não deixar o solo exposto, a cobertura favorece o combate à erosão. E propicia a palha para a realização do plantio direto.
  • Plantio: Deve-se usar apenas sementes com rastreabilidade, origem garantida e nota fiscal. Recomenda-se a escolha das melhores variedades para cada área, com tratamento adequado para um melhor desempenho produtivo, com menor custo de manejo. Também é fundamental estar atento ao preparo de máquinas para a semeadura. Isso vai garantir um melhor aproveitamento das sementes, evitando falhas ou competição de plantas. Máquinas com boa manutenção gastam menos combustível e emitem menos gases poluentes.
  • Controle de pragas: O bom planejamento no uso de insumos é fundamental para obter a certificação. O manejo integrado de pragas (MIP) e a identificação de focos de infestação ajudam no uso racional de defensivos, de máquinas e de horas/homem na lavoura. As aplicações de agroquímicos devem ser documentadas, assim como o uso de agentes de controle biológico.
  • Colheita: Também aqui o planejamento, com a definição do melhor momento para sua realização, e a regulagem de máquinas são práticas que vão garantir maior eficiência à operação.

As boas práticas normalmente resultam em melhor produtividade, proporcionando mais resultado na mesma área plantada, sem precisar expandir para novas áreas – ou seja, reduzindo a pressão para novos desmatamentos.. Uma exigência para os produtores responsáveis é a melhoria contínua, com a apresentação e o cumprimento de planos de evolução a cada safra.