Como a inteligência artificial vai transformar o monitoramento das lavouras - Produzindo Certo
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Como a inteligência artificial vai transformar o monitoramento das lavouras

Imagine sobrevoar uma fazenda sem sair do escritório e, ainda assim, saber exatamente o que está plantado, onde está cada lavoura e quais áreas precisam de atenção. Esse cenário já não pertence mais ao futuro e a inteligência artificial é a tecnologia por trás dessa revolução que está chegando ao campo.

Na Produzindo Certo, a novidade está em fase de testes. A empresa iniciou a aplicação de um sistema que identifica culturas agrícolas com base em imagens de satélite e algoritmos que reconhecem padrões específicos de vegetação. A ideia é simples, mas poderosa: cruzar dados visuais e temporais da vegetação com padrões de crescimento específicos de cada cultura, como o ciclo da soja ou do milho.

Na prática, usamos imagens de satélite que capturam informações sobre a vegetação, como cor, textura e comportamento ao longo do tempo. Esses dados são processados por algoritmos de inteligência artificial que reconhecem padrões específicos de cada cultura. Assim, conseguimos mapear e identificar as lavouras com alta precisão, sem precisar estar fisicamente no campo”, explica Vitor Sacramento, cientista de dados da Produzindo Certo.

Com essa tecnologia, produtores e empresas passam a ter uma visão atualizada, remota e confiável de tudo o que está acontecendo em suas áreas produtivas.

Entre as principais vantagens estão o ganho em produtividade e o planejamento mais eficiente. “A tecnologia permite aos produtores planejar melhor o plantio e a colheita com base em dados reais, aumentando a eficiência no uso de recursos.”, afirma Sacramento.

O monitoramento contínuo também ajuda a detectar problemas precocemente, como pragas, doenças e estresse hídrico. Isso reduz custos e evita perdas. “Para empresas da cadeia do agro, como traders, essa análise possibilita prever com antecedência a produtividade da próxima safra, facilitando o planejamento comercial, logístico e estratégico”, complementa.

Desafios no campo e no computador

Apesar do grande potencial, a aplicação da inteligência artificial na identificação de culturas enfrenta desafios importantes. O primeiro está nas próprias imagens: nuvens, sombras e falhas de captura podem comprometer a análise. Outro obstáculo é o grande volume de dados que precisa ser processado rapidamente.

A qualidade dos modelos também depende de bases de dados representativas, que considerem diferentes regiões, tipos de solo, culturas e condições climáticas. “Sem isso, o algoritmo pode apresentar vieses e resultados inconsistentes”, alerta o cientista de dados.

Do ponto de vista operacional, é fundamental que os usuários saibam interpretar e aplicar as análises geradas pela IA no dia a dia das fazendas ou nos processos de validação das empresas. A integração com sistemas de gestão e a capacitação das equipes são etapas indispensáveis para o sucesso da tecnologia.

Testes e novos horizontes

Atualmente, a Produzindo Certo está testando a ferramenta na detecção de áreas cultivadas com tabaco. Segundo Sacramento, os resultados já são positivos: “Conseguimos identificar com precisão quais áreas estão plantadas. O próximo passo é refinar o modelo para diferenciar o tabaco de outras culturas com características semelhantes.”

Para os próximos anos, segundo Sacramento, a expectativa é que as ferramentas de inteligência artificial permitam automatizar ou semi-automatizar a classificação do uso e cobertura do solo, uma das tarefas mais complexas e demoradas no monitoramento de áreas produtivas atualmente.

A tecnologia pode se integrar a plataformas de gestão agrícola para otimizar planejamento e insumos, a sistemas de previsão climática para ajustar operações de plantio e colheita, e a processos de certificação, fornecendo evidências geoespaciais confiáveis sobre práticas sustentáveis, tornando a tomada de decisão mais eficiente em toda a cadeia do agro”, prevê o especialista.